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Dia Mundial da Arte

Em 2019, a UNESCO definiu um dia do ano para promover o desenvolvimento, a difusão e a promoção da arte, incluindo aí a valorização da educação artística nas escolas. O dia escolhido foi 15 de abril. 

Talvez possamos começar nossa participação nessa campanha fazendo a mãe de todas as perguntas: o que é arte? E sugerir um experimento reflexivo a respeito do tema, a partir de sua reprodução em sites de busca e nos recentes sistemas de IA, como o chat GPT, por exemplo. Um número infinito de resultados surgirá em sua tela, e pode surpreender pela variedade. Podemos montar um quebra-cabeça, coletando as diferentes definições, exemplos e visões sobre o fazer artístico, como se fossem as peças soltas que nos levam a uma imagem mais definida e complexa. Vejamos: 

Arte – do latim Ars – habilidade ou técnica.

Arte é expressão da subjetividade humana.

Arte é imitação da realidade.

A arte é uma linguagem universal.

A arte é resultado da criatividade humana.

Por fim, a arte é algo fluido e não é possível oferecer uma definição pronta e acabada. 

Chegamos então a, pelo menos, uma resposta inequívoca diante de tantas possibilidades: estamos lidando com um conceito polissêmico, que percorreu um longo caminho na prática humana e no pensamento que se desenvolveu sobre ele ao longo da história, mudando de tempos em tempos de acordo com a cultura, a religião, as mudanças políticas e sociais. 

A arte, como tudo, possui sua própria cronologia, segundo o que se ensina nas escolas e nos livros. Ela nasce na pré-história, com as pinturas rupestres. Para os estudiosos, esses registros feitos em cavernas e paredões rochosos, possuem uma dimensão estética porque se observa ali a “habilidade manual e o poder de abstração que levaram o homem a usar recursos técnicos e operativos” na sua produção. Não importa com que objetivo eles tenham sido feitos (lembram-se das definições? expressão da subjetividade, imitação da realidade, criatividade), isso é arte. No Brasil, essas pinturas podem ser vistas no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e no Sítio Arqueológico Pedra Pintada, ambos em Minas Gerais, no Parque Arqueológico do Solstício, no Amapá, entre outros lugares já conhecidos ou ainda por descobrir. 

Dando um salto no tempo, chegamos aos chineses da Dinastia Zhou (1146-256 a. C.) e sua visão sobre a arte, ou melhor, as seis artes a serem aprendidas, praticadas e protegidas naquela sociedade: arco e flecha, cavalgada, escrita, música, arte militar e cerimônias rituais. Eram essas habilidades que futuros líderes aprendiam nas escolas aristocráticas do período. Enquanto isso, no Ocidente, o filósofo grego Platão (428-347 a. C.) tinha sua própria visão sobre a educação ideal na Grécia Antiga. Apresentada na obra A República, ela se baseava na arte, e também foi dividida em seis categorias: música, poesia, dança, pintura, escultura e arquitetura. A essas expressões associou a ideia de beleza, tornando-a um valor essencial da arte. Esse ideal alcançou seu auge durante o Renascimento (séc. XV), graças ao talento e aos esforços de artistas como Leonardo da Vinci, Rafael, Michelangelo e outros, e ainda tem raízes muito fortes em nosso olhar.  

Depois, como era de se esperar, a arte passou por novas transformações, movimentos, revoluções. Expandiu-se das Igrejas para os Museus e Galerias de Arte. Desenvolveram-se novas técnicas, gêneros e gostos. O século XX popularizou a fotografia e o cinema, que ganhou status de arte, conforme proposto em 1911 no Manifesto das Sete Artes, do italiano Ricciotto Canudo (1877-1923), considerado o primeiro teórico da jovem arte cinematográfica. Platão concordaria com essa intromissão em sua lista? Jamais saberemos, mas quem gosta de cinema certamente o vê como arte, enquanto os puristas podem considerá-lo apenas um entretenimento popular inferior se comparado a uma pintura ou escultura.  

Chegamos aos dias de hoje tentando decifrar a arte contemporânea, se surpreendendo com a arte urbana, vista das janelas dos ônibus e carros, descobrindo um forte movimento de arte negra e indígena, seja na literatura, na música ou nas artes visuais. É a arte se transformando junto com a sociedade. A expressão da subjetividade humana diante da crise ecológica e sanitária, das novas tecnologias, da desigualdade, mas também de temas atemporais como o amor, a finitude da vida e a espiritualidade. 

Que o Dia Mundial da Arte nos ajude a (re)conhecer suas qualidades e os efeitos positivos sobre aqueles que conseguem travar alguma relação com ela, em qualquer fase da vida. Todas as pessoas deveriam ter a oportunidade de aprender e desenvolver habilidades artísticas, encontrar sua linguagem, seu canal de expressão. Gestores ligados à educação e à cultura sabem disso, sabem das potencialidades do acesso à arte para o desenvolvimento humano. 

Um ótimo exemplo de atuação política para a promoção da arte, que vai de encontro aos anseios da UNESCO, é a Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA), no bairro Jabaquara, em São Paulo. Foi fundada em 1980, para oferecer iniciação nas artes a crianças de 5 a 13 anos, por meio de experiências estéticas e processos criativos em Artes Visuais, Dança, Música e Teatro. Por ser gratuita, a procura é grande e sempre há fila de espera por vagas. É pouco para uma cidade do tamanho de São Paulo, mas é um belo exemplo a ser expandido e replicado por outros municípios. 

Fontes:

BUENO, André. Textos de história da China Antiga. Rio de Janeiro: Ebook, 2016.

SOBRE A ARTE BRASILEIRA: da pré-história aos anos 1960. São Paulo: Serviço Social do Comércio; WMF Martins Fontes, 2015.

XAVIER, Ismail. Sétima arte: um culto moderno: o idealismo estético e o cinema. São Paulo: Perspectiva, 2017.

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22 de Março – Dia Mundial da Água, um direito humano a ser preservado

Por Carolina Mestriner

Enquanto os 193 Estados-Membros da ONU, junto à sociedade civil, jovens e especialistas na área, seguem debatendo um plano de ação global para enfrentar os problemas ligados ao consumo da água no planeta, o mundo assiste a desastres climáticos causados ora pelo excesso de chuvas, alagamentos, enchentes, ora por estiagens longas, que afetam a produção de alimentos, a vida animal e a saúde humana. 

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 6 é assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos. Parece uma tarefa óbvia, mas estamos longe disso. Estima-se hoje que cerca de 2 bilhões de pessoas ainda não têm acesso à água segura no mundo, 35 milhões delas vivem no Brasil, e 10% desse número se refere a crianças e adolescentes. O acesso à água é mais um exemplo da injusta distribuição dos bens naturais e materiais no mundo.  Enquanto nações desenvolvidas consomem e poluem grandes volumes de água, países pobres ainda lutam para desenvolver redes de saneamento de esgoto e distribuição de água potável para suas populações.

A sensibilização sobre a importância da água passa por todas as esferas da sociedade, mas não há dúvidas de que são os governos e empresas os grandes responsáveis pelo sucesso ou fracasso desse desafio, começando por seus funcionários, seus processos de produção, seus produtos etc. Além de desenvolver ações relacionadas à conservação da água, à educação ambiental para o seu consumo consciente, é preciso dar o exemplo: não deixar poluir e não poluir, não abusar dos recursos hídricos usando-os de forma consciente e desenvolver/participar de ações e projetos de saneamento e despoluição do que já está contaminado. Há exemplos, meios e parceiros para isso. 

Pacto Global, por exemplo, é uma iniciativa da ONU direcionada exclusivamente a empresas, uma convocação global para que alinhem suas estratégias e operações a 10 princípios universais nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção. É hoje a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, e já possui mais de 19 mil membros em 160 países. A Rede Brasil, formada em resposta a essa convocação, é a maior das Américas, com mais de 1.400 signatários e participantes. Já o Instituto Trata Brasil  é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, formada por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do país. É possível acompanhar muitas ações e pesquisas sobre o tema da água nesses canais. 

Aproveite o dia 22 de março para ver ou rever o documentário “O Futuro das águas, desafio do século”, com direção de Camilo Tavares, premiado pelo filme “O dia que durou 21 anos” na França e EUA. O curta foi realizado pelas produtoras Nexo Filmes e Lavoura Santa, com patrocínio do Grupo Tigre, e pode ser visto gratuitamente no Youtube

Água limpa é um #DireitoHumano.

Fontes: Agência Brasil; Unicef Brasil; Pacto Global e Instituto Trata Brasil.

21 de Março – Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial e Dia Universal do Teatro: O combate ao racismo passa pela cultura

Por Carolina Mestriner

Em janeiro deste ano, foi sancionada uma lei no Brasil instituindo o dia 21 de março como o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, em mais um esforço governamental para combater o racismo e a intolerância religiosa no país. A iniciativa brasileira atende a um chamado da ONU feito anos antes, que definiu a data como o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, em memória do Massacre de Shaperville, ocorrido na África do Sul, em 21 de março de 1960, durante manifestações populares contra o sistema racista e excludente do Apartheid (1948-1994). No Portal Geledés é possível ver um ensaio fotográfico sobre o protesto pacífico e a reação violenta da polícia, que resultou na morte de 69 pessoas. 

Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, o “racismo destrói vidas e reduz oportunidades, impedindo que bilhões de pessoas desfrutem de seus plenos direitos humanos e liberdades”. Embora o racismo esteja associado a um conjunto de teorias e práticas ligadas ao conceito de raça, à ideia de que uma raça possa ser superior e ter direitos sobre outra, num sentido muito mais amplo do que o praticado contra a população negra, é exatamente disto que trata a campanha da ONU e a nova Lei nº 14.519 brasileira: eliminar a discriminação racial contra pessoas de pele negra no Brasil e no mundo. 

É importante lembrar que o combate ao racismo não é uma luta dos movimentos negros espalhados pelo mundo, é uma luta de todos porque é uma luta pelos direitos humanos, e pela consciência de que todos são humanos, uma vez que o racismo desumaniza o outro para negar seus direitos, sua dignidade, e muitas vezes sua vida. O estigma da cor da pele, que pesa sobre a população negra até hoje, não pode prevalecer num país multicolorido e multicultural como o Brasil.

O Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé representa, antes de tudo, uma política cultural de valorização de tradições brasileiras, preservadas e praticadas por pessoas com e sem raízes africanas, mas com afinidades diversas que devem ser respeitadas todos os dias do ano. 

A arte e a cultura são armas potentes no combate ao racismo e a todos os tipos de preconceitos. Quando o ator e dramaturgo Abdias Nascimento (1914-2011) inaugura no Rio de Janeiro o Teatro Experimental do Negro (TEN), em 1944, ele sabia desse potencial. Foi a primeira vez que artistas afrodescendentes puderam de fato participar do cenário teatral brasileiro. Todas as atividades do grupo foram pensadas para valorizar socialmente a herança cultural, a identidade e a dignidade afro-brasileira. Até então, era bastante comum ver personagens negros serem representados por atores brancos tingidos de preto, e foi assistindo a uma peça assim que Abdias decidiu criar o TEN, um bom exemplo de união entre o teatro e o combate ao racismo. 

Iniciativas antirracistas são importantes em todos os setores da sociedade porque discriminações e violências baseadas na estigmatização da pele preta seguem acontecendo e afrontando a dignidade humana.  

Fontes: ONU; Portal Geledés e Museu Afro Brasil Emanoel Araujo.

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Por quem é feita a ciência?

Por Yuri Cavichioli

Mulheres no meio científico: uma realidade que tem mudado e vai continuar.

Cientista: uma palavra sem gênero, por muito tempo foi representada no inconsciente como um homem de jaleco branco em um laboratório. Cenário esse que a partir do avanço da sociedade sobre o papel de todos, as mulheres têm caminhado para mudar, ocupando mais espaços de direito.

Apesar desse avanço nas mais variadas áreas do conhecimento, dados mundiais de 2020, apresentados pela UNESCO, apontam que apenas 30% dos cientistas são mulheres. No Brasil, as mulheres pesquisadoras representam 40,3%. Se formos pensar em healthtechs, o número é ainda menor: apenas 4% dessas empresas são compostas por mulheres em seu quadro societário, segundo pesquisa da Inside Healthtech Report.

A mudança começou

Uma proposta bastante básica é conhecer a história por outros olhares. Por anos e anos as referências científicas partem de vozes masculinas e isso contribuiu para que assuntos ligados ao conhecimento fosse atribuídos ao universo dos homens.

Mas a história vai muito além disso e provavelmente você não sabia. No Egito, a faraó Hatexepsute além de servir como prisma para discussões de binaridade de gênero, estava intimamente ligada à ciência organizando expedições para busca de plantas na Grécia e aluna de Pitágora, escrevia livros sobre matemática e física. 

E isso falando num passado muito distante, muitas outras mulheres brilharam na ciência ao longo da história e contribuíram para a evolução da ciência e tecnologia como conhecemos hoje.

crédito: reprodução iStock

Além da educação, fator essencial nessa mudança de pensamento estrutural, outros tipos de comunicação também compõem esse processo. A literatura aparece como uma forte aliada. A escritora estadunidense Margot Lee Shetterly se destacou com em seu primeiro livro, o “Hidden Figures – The American Dream and the Untold Story of the Black Women Mathematicians Who Helped Win the Space Race” (“Figuras Escondidas: O Sonho Americano e a História Não Contada das Mulheres Negras Matemáticas que Ajudaram a Vencer a Corrida Espacial”, em tradução livre), é uma excelente obra para reconhecer mulheres na tecnologia.

A obra ainda rendeu uma adaptação cinematográfica de sucesso: Estrelas Além do Tempo. Um filme que demonstra o auge da corrida espacial travada entre Estados Unidos e Rússia durante a Guerra Fria, uma equipe de cientistas da NASA, formada exclusivamente por mulheres afro-americanas, liderando uma das maiores operações tecnológicas registradas na história americana e se tornando verdadeiras heroínas da nação. O filme rendeu três indicações ao Oscar, uma no BAFTA e venceu o prêmio SAG Awards, de melhor elenco.

“A gente está conseguindo entender que é possível entrar nessas diversas áreas que, ainda, são muito dominadas por homens”, aponta Kamila, ex-aluna do projeto.

O que vem por aí

“Temos avançado muito ao longo dos anos. Se comparamos com 2003 ou 2013, o mundo da Ciência e Tecnologia avançou bastante em temas de igualdade de gênero. Vejo o futuro da tecnologia ao mesmo tempo, brilhante, por conta da evolução constante que estamos vivendo, e problemático, pelos desafios tão estruturais que, ainda, experimentamos”, afirma Alejandra Yacovodonato, Fundadora e Diretora da ONG Fly Educação

Ela diz que acredita que todas e todos precisam de mais aliados para “preencher o mundo STEM com diversidade e Inclusão. Precisamos ter coragem de ter conversações incontornáveis no mundo corporativo e acadêmico, e mudar o olhar heteronormativo que, até agora, vem ocupando esse espaço”, completa.

UCONECTE TESTE

Gonçalves é um sobrenome que está na carteira de identidade de muitos brasileiros. Mesmo que um mero registro nominal, também dá nome a um pequeno município com cinco mil habitantes e rodeado por lindas montanhas repletas de araucárias. Gonçalves é um destino que caiu no gosto do turista nos últimos 10 anos. Muitos dos que viajam até lá já estão querendo novas opções turísticas e sair do turismo massivo oferecido pelas vizinhas famosas Campos do Jordão (SP) ou Monte Verde, distrito turístico de Camanducaia (MG). A cidade chama a atenção pelo clima friozinho, perfeito para um cochilo ao lado de uma lareira, comer um fondue, tomar um bom vinho ou até mesmo relaxar com um banho bem quente de hidromassagem.

É perceptível o grande investimento que o município recebe em infraestrutura, chegada de empresários com a abertura de restaurantes, hotéis e pousadas e o fortalecimento da sociedade civil para pensar ações para o turismo dos próximos anos. Com esta introdução, Gonçalves tem opção para todos os gostos: mochileiros, aventureiros, casais e famílias e até grupos apreciadores da boa gastronomia e comida mineira feita no fogão à lenha. Grande parte das opções de hospedagem localiza-se entre as montanhas da Serra da Mantiqueira, junto às fazendas e bosques de araucárias. São dezenas de pousadas e chalés espalhados pela área rural e urbana, algumas acomodações ficam em locais altíssimos. As mais procuradas são as que possuem, lareira, vistas panorâmicas, banheira de ofurô.

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Gonçalves (MG): encanto, natureza e aconchego na Serra da Mantiqueira

Por Marcos J. T Oliveira, do Redescobrindo Ideias

Gonçalves é um sobrenome que está na carteira de identidade de muitos brasileiros. Mesmo que um mero registro nominal, também dá nome a um pequeno município com cinco mil habitantes e rodeado por lindas montanhas repletas de araucárias. Gonçalves é um destino que caiu no gosto do turista nos últimos 10 anos. Muitos dos que viajam até lá já estão querendo novas opções turísticas e sair do turismo massivo oferecido pelas vizinhas famosas Campos do Jordão (SP) ou Monte Verde, distrito turístico de Camanducaia (MG). A cidade chama a atenção pelo clima friozinho, perfeito para um cochilo ao lado de uma lareira, comer um fondue, tomar um bom vinho ou até mesmo relaxar com um banho bem quente de hidromassagem.

É perceptível o grande investimento que o município recebe em infraestrutura, chegada de empresários com a abertura de restaurantes, hotéis e pousadas e o fortalecimento da sociedade civil para pensar ações para o turismo dos próximos anos. Com esta introdução, Gonçalves tem opção para todos os gostos: mochileiros, aventureiros, casais e famílias e até grupos apreciadores da boa gastronomia e comida mineira feita no fogão à lenha. Grande parte das opções de hospedagem localiza-se entre as montanhas da Serra da Mantiqueira, junto às fazendas e bosques de araucárias. São dezenas de pousadas e chalés espalhados pela área rural e urbana, algumas acomodações ficam em locais altíssimos. As mais procuradas são as que possuem, lareira, vistas panorâmicas, banheira de ofurô.

O que fazer?

Curtir o frio e tudo o que os hotéis e pousadas oferecem é uma delícia, mas para quem não consegue ficar parado as opções de aventuras em meio à natureza são variadas e podem ser praticadas por pessoas de todas idades e preparo físico, sejam iniciantes ou não. O turismo de aventura é o principal destaque para quem desembarca por lá. É possível fazer: boia-cross, mountain bike, off-road, rapel, trekking, escalada em rocha, caminhada, cavalgada e muito mais. Tudo isso sempre em lindos cenários naturais. DICA: Roupa de banho, protetor solar, lanche e água são itens quase que obrigatórios para o passeio ser realizado. Muitas cachoeiras estão em áreas particulares e o acesso com guia profissionais e autorizados é a melhor opção para evitar contratempos e dores de cabeça.

Boia-Cross pelo Rio Capivari – É uma descida pelo rio com o mesmo nome e que recebe um grau de dificuldade nível 2. Tem opção de 1 hora por 2km (quedas suaves e corredeiras tranquilas) e de 3 horas por 3 km de extensão (corredeiras sequenciais e quedas de até 4 metros).

Caminhadas até as cachoeiras

Cachoeira do Retiro: 2,5 km até chegar à trilha saindo do centro de Gonçalves. A trilha tem 1,4 km no total e consiste em um caminho estreito percorrido em 15 minutos. A cachoeira do Retiro tem 400 metros de queda e pode-se nadar em um lago formado por uma de suas quedas. Muito cuidado com a forte correnteza. Cachoeira da Fazendinha: 5 km até chegar à trilha saindo do centro de Gonçalves. Trecho percorrido em 2 horas. A cachoeira da Fazendinha tem aproximadamente 100 metros de queda. Também é possível nadar em um lago à frente da queda. Cachoeira do Cruzeiro: está a 3 km do centro de Gonçalves. Muito perto e fácil de chegar. Ir em direção ao distrito dos Costas por 1,5 km até a bifurcação para o Sertão do Cantagalo e neste momento deve-se seguir pela esquerda por mais 700 metros em direção ao Cantagalo. 

Passeio de Mountain Bike Montanhas verdes: Trilha de nível médio para praticantes do esporte. 25 km de ida totalizando 2h30 e o retorno é feito em 2h até o centro de Gonçalves. Não se esqueça de levar água, frutas e energéticos para repor a energia.

Off-Road – A região permite passeios em veículos off-road. Os famosos 4×4 ganham as estradas de terra para propiciar um contato com a natureza. Muitas rotas, expedições e trilhas são possíveis em toda a região e entre municípios como Gonçalves e Camanducaia, especialmente o distrito de Monte Verde (50km).

Prática do Rapel – A Pedra da Catedral é ideal para quem gosta de curtir o esporte. A saída acontece do centro de Gonçalves em direção à estrada para Brasópolis (35km até o ponto inicial da trilha). A partir deste ponto, caminha-se por 1h30 até o topo onde será feito o rapel numa altura de 100 metros. Recomenda-se levar lanche, água e frutas.

Trekking por Picos famosos

Pedra do Cruzeiro ou Atrás da Pedra: um conjunto de montanhas a 1152 metros de altitude. No alto existe uma pequena capela para peregrinações religiosas. Em uma das faces há uma fenda que leva a uma gruta, de difícil acesso. No inverno a formação do maciço ganha formas variadas em virtude da cobertura das nuvens.

Mirante do Cruzeiro: o próprio nome já diz. No alto da montanha existe um cruzeiro a 1488 metros de altitude. Deste ponto é possível admirar toda a cidade de Gonçalves e o vale do bairro do Cantagalo, região de Pouso Alegre e até as serras dos municípios vizinhos como São Bento do Sapucaí, Paraisópolis e Brasópolis.

Alambique Três Barras: é um dos mais antigos produtores de cachaça da Serra da Mantiqueira. Seu principal produto é a Cachaça Gonçalves, envelhecida por longo período de tempo em barril de carvalho. Existem até variações como a cachaça Mel de Abelha, Sassafrás, Amburana, Canela, Folha de Figo, Destilada com melado de Cana. Para os visitantes, o Alambique Três Barras oferece a apresentação de toda sua estrutura, assim como modo de preparo e ainda degustação das cachaças. Uma das maiores preocupações dos administradores do Alambique Três Barras é manter a tradição de produzir cachaça de qualidade sem agredir o meio ambiente, por meio de um sistema de produção artesanal e ecologicamente correta. O engenho é movido à água e não utiliza energia elétrica. Para manter o aquecimento da fornalha aproveitam o próprio bagaço da cana. A fermentação é 100% natural. Além disso, os visitantes podem apreciar a natureza exuberante do local, que já vem sendo, a muito tempo, um ponto de parada para os passeios realizados pela agência de turismo da região.

Bairro dos Venâncios: o bairro em si não tem nenhum ponto turístico com parada obrigatória, mas uma visita ao bairro é interessante para conhecer um pouco da natureza, além de apreciar algumas das primeiras casas de pau a pique, claro que sempre respeitando a privacidade dos moradores. O maior casarão está intacto e com um enorme cacto ao lado, rende bastante fotos. A estrada velha dos Venâncios é um antigo caminho de tropeiros e liga o bairro a outro com nome curioso: Atrás da Pedra, sempre descendo. O estado da estrada varia muito com a época do ano e com a manutenção. A estrada é pouco usada e recomendamos um veículo 4X4 para percorrê-la.

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Ética, inteligência e sustentabilidade empresarial

Por Arilma Tavares

Assistindo o Café Filosófico sobre Ética no Cotidiano com Clovis de Barros Filho e Mário Sérgio Cortella tive vários insights e reflexões voltados para a Sustentabilidade de forma ampla (individual, social e empresarial). Foi com base no conceito de ética apresentado por Clovis de Barros Filho que eu desenvolvi esse artigo: “Ética é a inteligência compartilhada a serviço do aperfeiçoamento da convivência humana”.

Percebo que existe uma relação direta entre Ética, Inteligência e Sustentabilidade Empresarial. Vou te explicar!

Avaliando o conceito de ética apresentado por Clovis de Barros Filho infere-se que existe um tipo de inteligência que pode alavancar a ética e, por consequência, potencializar a boa convivência humana.

A inteligência que pode alavancar a ética, certamente, não se restringe à inteligência racional e nem à inteligência emocional, visto que o exercício da ética requer uma mobilização de valores pautados em um senso de coletividade, respeito e responsabilidade que transcendem ao meramente cartesiano (inteligência racional) e inter-intra-pessoal (inteligência emocional).

Com o avanço da sociedade para sistemas cada vez mais complexos, incluindo a ascensão da inteligência artificial, o desafio humano torna-se, cada vez mais, “ser humano”. Essa humanidade deverá ser despertada a partir de novos modelos de educação e de relacionamentos. Para tanto, se faz necessário investimentos no desenvolvimento da inteligência humana de forma muito mais ampliada.

Mas qual inteligência é capaz de nos direcionar para a nossa própria humanidade?

Algumas inteligências têm sido apresentadas com conceitos similares, demostrando haver uma característica diferenciada no ser humano capaz de contribuir com essa jornada, a exemplo da Inteligência Espiritual (Danah Zohar e Ian Marshal, 2000), Inteligência Existencial (Howard Gardner, 2000 apud Silva, 2000) e Humildade (Edward D. Hess e Katherine Ludwig, 2020 apud Silveira, 2021).

Não se pretende aqui criar um novo nome de inteligência ou eleger qual a que melhor se enquadra nesse propósito, mas sim, pretende-se evidenciar a necessidade de avançarmos em um entendimento ampliado da inteligência para além das inteligências racional e emocional.

Outro aspecto trazido no conceito de ética por Clovis de Barros Filho é o “aperfeiçoamento da convivência humana”. A palavra “aperfeiçoamento” remete à ideia de melhoria contínua, de algo permanente e que não se esgota, evoluindo sempre.

A convivência humana por sua vez, quando aperfeiçoada, leva a um estado de garantia de direitos. Podemos considerar não apenas os direitos apresentados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, mas também outros que ainda não eram vislumbrados quando da sua criação, tais como: o direito ao meio ambiente saudável e equilibrado, o direito à identidade de gênero, à orientação sexual e também o direto dos povos (para além do indivíduo).

Nesse sentido, o “aperfeiçoamento da convivência humana” pode ser entendido como “Sustentabilidade”, ou seja, a busca contínua pela excelência nas relações em direção ao Desenvolvimento Sustentável.

Com base nesse entendimento, considera-se adaptar o conceito de ética como sendo: a inteligência ampliada (para além das inteligências intelectual e emocional) compartilhada a serviço da Sustentabilidade.

Ainda, propõe-se entender a Sustentabilidade como o aperfeiçoamento contínuo (do ser, da sociedade, das empresas) com o foco na boa convivência (consigo, com o outro, com as partes interessadas), tendo a ética como o combustível oriundo da aplicação da inteligência humana em seu sentido mais amplo (para além das inteligências intelectual e emocional).

crédito: iStock

Fazendo um recorte do conceito apresentado para o ambiente empresarial, tem-se que a Sustentabilidade Empresarial é o aperfeiçoamento contínuo da gestão empresarial com o foco na boa convivência com as partes interessadas, tendo a ética como o combustível oriundo da aplicação da inteligência humana em seu sentido mais amplo (para além das inteligências intelectual e emocional).

Nessa perspectiva, pode-se inferir que seres humanos com a inteligência desenvolvida de forma ampliada, possuem maior senso de coletividade e sentido, gerando muito mais engajamento e envolvimento em seus ambientes de trabalho, fomentando relações mais éticas e, assim, potencializando o bem estar, a segurança emocional, maior produtividade e maior assertividade no encaminhamento de questões fundamentais da empresa – aquelas situações que requerem uma avaliação sistêmica em relação às partes interessadas com vista ao bem comum – gerando a boa operação do negócio, ou seja, a sustentabilidade empresarial.

A sustentabilidade empresarial, portanto, possui relação direta com a sustentabilidade do planeta e da sociedade. Nesse sentido, é importante que o setor empresarial cada vez mais avance em direção a um capitalismo de stakeholder, atentando para todas as partes interessadas, movido pela ética e pela necessidade de manter as suas operações sustentáveis no longo prazo. Dessa forma, com ética e inteligência, os resultados empresariais serão potencializados, garantindo a sua sustentabilidade e externalizando impactos positivos para a sociedade.

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Hip-hop: uma cultura jovem e transformadora

O Hip-hop é um movimento cultural possivelmente iniciado pelo Dj norte-americano Afrika Bambaataa, surgiu na década de 70 no bairro do Bronx em Nova York, onde estavam instaladas comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas.

O movimento serviu como forma de protesto nos subúrbios americanos que enfrentavam diversos conflitos sociais como violência, racismo, drogas, infraestrutura e as gangues que funcionavam como uma espécie de sistema opressor dentro das periferias.

Na década seguinte o Hip-hop chegava ao Brasil, quando ainda não existiam por aqui movimentos que retratavam essa cultura. Tudo começou na São Bento, centro de São Paulo com Nelson Triunfo, Thaíde e Dj Hum.

Rap

Rap (Rhythm and Poetry, “ritmo e poesia” em português) Diferentemente dos EUA e Jamaica, onde o estilo musical se instaurou nos subúrbios, o rap no Brasil teve um começo mais próximo do centro e depois foi para a periferia. Quando aparece, o rap vem em um ambiente que é preciso gritar, mostrar, rimar, quebrar tabus. Enfim, ele chega para dar voz a quem antes dificilmente teria. O rap é compromisso, diria Sabotage, um dos grandes expoentes do movimento.
crédito: Unibes Cultural

DJ

DJ (Disc Jockey) e MC (mestre de cerimônia)

É responsável por reunir os demais elementos para a arquitetura da cultura. Aliás, podemos dizer que ele é o responsável pelo som. Assim como uma engrenagem, todos os elementos do hip-hop estão interligados. Aqui o DJ, com seus scratchs (arranhões) na hora de tocar um som improvisado, cria ritmo para o rap e acaba, por consequência, impactando também o break.

crédito: iStock

Graffiti

O grafite é uma expressão artística que ocorre em espaços públicos. Nas periferias de Nova Iorque jovens manifestaram suas lutas sociais por meio do grafite e impulsionaram a arte de rua. O grafite surgiu em meio a movimento da contracultura como crítica aos padrões impostos do fazer arte.

No Brasil o grafite ocupa muitos espaços urbanos, marcados por grandes artistas como Os Gêmeos, Eduardo Kobra, Crânio, Nina Pandolfo, entre outros.

crédito: iStock

Breakdance

Breakdance (street dance, “dança de rua” em português)

O break (ou breakdance) surgiu como uma expressão artística, uma dança desenvolvida dentro do movimento cultural que abriu portas para periferia: o hip-hop. As primeiras manifestações de breaking foram realizadas aproximadamente na crise de 1929 dos EUA, quando os dançarinos e artistas dos bares e cabarés ficaram desempregados, situação que os forçou a fazerem shows nas ruas, não tendo ainda essa denominação. Foi criado por latinos e afroamericanos.

crédito: iStock